Ataques de Bolsonaro à Justiça seguem agenda de crises do governo...

Jair Bolsonaro (PL) concentrou críticas e ofensas ao Judiciário ao longo de seu mandato. Desde a redemocratização, nenhum outro presidente direcionou ataques tão fortes aos outros poderes —mesmo os que sofreram processos de impeachment, como Fernando Collor (à época PRN, hoje PTB) e Dilma Roussef (PT).

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Ataques de Bolsonaro à Justiça seguem agenda de crises do governo...

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

27/04/2022 04h00
Jair Bolsonaro (PL) concentrou críticas e ofensas ao Judiciário ao longo de seu mandato. Desde a redemocratização, nenhum outro presidente direcionou ataques tão fortes aos outros poderes —mesmo os que sofreram processos de impeachment, como Fernando Collor (à época PRN, hoje PTB) e Dilma Roussef (PT).

A última polêmica é o indulto que Bolsonaro concedeu ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), após o STF (Supremo Tribunal Federal) ter condenado o parlamentar a oito anos e nove meses de prisão por estimular pautas antidemocráticas.

Muitas ameaças e ofensas aos tribunais ou a seus ministros ocorreram em meio a momentos de fraqueza do governo. Por exemplo: o tom do presidente ficou especialmente belicoso durante a instalação da CPI da Covid no Senado Federal, a pedido do STF, no primeiro semestre do ano passado. Após o início da comissão, Bolsonaro retomou sua luta contra a urna eletrônica e criticou nominalmente os ministros do STF, em especial Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, então também presidente do TSE. O voto impresso é um tema levantado toda vez que o presidente sente alguma ameaça relacionada aos tribunais, como quando seus filhos entraram para o inquérito de fake news da CPI da Covid, em ... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2022/04/27/bolsonaro-x-stf-ofensas-ameacas-tse-democracia-linha-do-tempo.htm?utm_source=chrome&utm_medium=webalert&utm_campaign=politica&cmpid=copiaecola

No mundo real, o presidente via a pandemia explodir no Brasil, com hospitais lotados e corpos estocados em contêineres, escancarando a falta de coordenação federal para enfrentar a covid. Reação às denúncias de Moro Abril de 2020 Foi um mês de crise para o governo, que decidiu descontar no STF. Após a abertura de inquérito para investigar as denúncias do ex-ministro Sergio Moro sobre suposta intervenção na PF (Polícia Federal) e para proteger o filho Flávio, Bolsonaro adotou uma nova maneira de criticar (que dura até hoje): atacar os ministros individual e nominalmente. Três dias após o STF abrir o inquérito e impedir a indicação de Alexandre Ramagem, hoje na Abin (Agência Brasi... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2022/04/27/bolsonaro-x-stf-ofensas-ameacas-tse-democracia-linha-do-tempo.htm?utm_source=chrome&utm_medium=webalert&utm_campaign=politica&cmpid=copiaecola

Ameaças como resposta a inquérito Maio de 2020 Cada vez que o processo avançava, Bolsonaro ia a público ameaçar a Corte. No dia 22, quando Celso de Mello tirou o sigilo da reunião ministerial em que fala sobre a interferência na PF para ajudar o filho e diz que quer que o povo "se arme", Bolsonaro vai a público dizer que não "vai meter o rabo no meio das pernas". No mundo real, além da divulgação do vídeo, o Brasil enfrentava a primeira onda da covid —chegou a mais de mil mortes por dia pela doença. Buscando a viabilidade do seu governo, o presidente, por sua vez, seguiu dando apoio presencial aos atos com pautas antidemocráticas —ele exigia, inclusive, a companhia de ministros ... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2022/04/27/bolsonaro-x-stf-ofensas-ameacas-tse-democracia-linha-do-tempo.htm?utm_source=chrome&utm_medium=webalert&utm_campaign=politica&cmpid=copiaecola

"Acabou, porra" Maio e junho de 2020 Ainda em meio à crise gerada pela liberação do vídeo da reunião ministerial, Bolsonaro começou a enfrentar as investigações sobre fake news por apoiadores de seu governo e apelou até a palavrões para encarar o STF e Moraes, à frente do processo. As coisas têm limite. Ontem foi o último dia e peço a Deus que ilumine as poucas pessoas que ousam se julgar mais poderosas que outros que se coloquem no seu devido lugar, que respeitamos. [...] Não monocraticamente, mas de modo que seja ouvido o colegiado. Acabou, porra!Presidente Jair Bolsonaro, em discurso Estimulados por Bolsonaro, que nem sempre participava, os atos com gritos anti-STF continuara... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2022/04/27/bolsonaro-x-stf-ofensas-ameacas-tse-democracia-linha-do-tempo.htm?utm_source=chrome&utm_medium=webalert&utm_campaign=politica&cmpid=copiaecola

A ofensa, criticada pela oposição e governadores, ajudava a desviar o fato de que abril se tornava o mês mais letal da pandemia no país, sem qualquer plano de organização federal. À época, o Brasil passava pela segunda onda da covid-19, e chegou a ultrapassar 4 mil mortes diárias. As ameaças seguiram enquanto a CPI avançava no Senado. Primeiro, Bolsonaro disse que o STF "não tem que se meter em tudo". Depois, mais irritado, falou que o Brasil estava "no limite", "um barril de pólvora", e ele ia ter de "tomar providências". Apesar das ameaças, a CPI foi aprovada no fim de abril.... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2022/04/27/bolsonaro-x-stf-ofensas-ameacas-tse-democracia-linha-do-tempo.htm?utm_source=chrome&utm_medium=webalert&utm_campaign=politica&cmpid=copiaecola

A saga do voto impresso Maio de 2021 Pressionado pela CPI da Covid, Bolsonaro voltou a intensificar suas atenções a uma pauta que lhe interessa desde a eleição: o questionamento da idoneidade das eleições e defesa do voto impresso. Em meio a cutucões a Barroso, então presidente do TSE, ele se dirigia ao Congresso, mas sempre com recados aos seus apoiadores. "Se o parlamento brasileiro promulgar, teremos o voto impresso em 2022. Se vocês promulgarem até o início de outubro deste ano, teremos voto impresso e ninguém passará por cima da decisão do parlamento brasileiro. Chega de sermos atropelados", declarou elevando o tom de voz em discurso sem Brasília. Com a pandemia ainda matan... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2022/04/27/bolsonaro-x-stf-ofensas-ameacas-tse-democracia-linha-do-tempo.htm?utm_source=chrome&utm_medium=webalert&utm_campaign=politica&cmpid=copiaecola

7 de Setembro: "arrebentou a corda" Agosto e setembro de 2021 Com a aproximação do 7 de Setembro, Bolsonaro não só abraçou as manifestações de apoio a ele no Dia da Independência, organizadas em todo o país, como aderiu ao tom inflamado dos organizadores. Em entrevista ao Canal Rural no fim de agosto, disse que o STF e TSE "têm exagerado" e que a corda "não está arrebentando, arrebentou". Na Câmara dos Deputados, corria uma série de pedidos de impeachment por sua gestão na pandemia e pelos atos antidemocráticos —todos eles arquivos pelo presidente Arthur Lira (PP-AL), aliado do governo. Com resposta, Bolsonaro seguiu com falas de mão dupla, afirmando, por exemplo, que "tudo tem l... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2022/04/27/bolsonaro-x-stf-ofensas-ameacas-tse-democracia-linha-do-tempo.htm?utm_source=chrome&utm_medium=webalert&utm_campaign=politica&cmpid=copiaecola

Caso Silveira: enfrentamento direto Abril de 2022 O último ato de enfrentamento do presidente ao STF se deu na semana passada, com o perdão ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado a oito anos e nove meses de prisão pela Corte, no dia anterior, por ameaças aos seus ministros e à democracia. O instituto da graça é uma prerrogativa presidencial, mas não deixa de ser visto como uma afronta. A decisão agitou sua base, revoltou a oposição, fez com que deputados bolsonaristas se movimentassem para tentar anistiar outros apoiadores e ampliou a tensão com o STF. O futuro de Silveira ainda será definido. No mundo real, a briga acontece no momento em que Bolsonaro está atrás do can... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2022/04/27/bolsonaro-x-stf-ofensas-ameacas-tse-democracia-linha-do-tempo.htm?utm_source=chrome&utm_medium=webalert&utm_campaign=politica&cmpid=copiaecola